quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Protesto inútil do Facebook e como o Universo conversa conosco.

Apesar do título estranho, é mais ou menos isso mesmo.

Acho não tem como me aprofundar demais no assunto, até por que não houveram postagens ateriores que dão uma base teórica para as coisas que irei discutir aqui. Mas bem...

Não sei quando provavelmente vocês irão ler isso, mas mais ou menos no dia 3 de Outubro, não sei bem se foi mesmo essa data, começou um espécie de 'protesto' no Facebook. Óbvio que é aquele tipo de coisa que se enquadra no mesmo patamar de 'xingar muito no twitter' e fazer vídeos com cortes bruscos na fala cheia de palavrões que tem aos montes no Youtube.
Dessa vez era algo sobre violência infantil, e os 'protestantes' trocariam suas foto por algum avatar de desenhos animados ou quadrinhos até o dia 12.
O pedido era exatamente este:

Troque a foto do seu perfil por um desenho animado ou personagem que marcou sua infancia até dia 12/10 (dia das crianças)!
Uma forma de manifesto contra a violência infantil!!! Libere a criança que ainda há em vc, convide seus amigos..cole no seu mural


OBVIO que isso virou uma modinha, como uma corrente, quem troca e repassa a mensagem para seus 400 e tantos 'amigos' e pelo menos metade aderiu. E hoje, dia 5 de Outubro já são mais de 100 mil que aderiram. http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/10/por-campanha-100-mil-trocam-perfil-do-facebook-por-desenho-animado.html

Sou contra modinhas, pessoas que seguem modinhas obviamente são pessoas incapazes de pensar por si sós. E isso tira a legitimidade de qualquer posicionamento filosófico que as mesmas tenham defendido antes. É como ir a um protesto contra a violência ao chegar em casa e ver que o cachorro cagou no sofá ir lá bater nele. Percebem? É uma versão sutil do "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". E isso tem um nome muito popular: Hipocrisia.
Isso não é ser honesto intelectualmente.

ÓBVIO que mudar o avatar numa rede social não vai comover aqueles/aquelas que espancam crianças, os pedofilos[as] não irão parar de violentar, as crianças famintas não ficaram bem nutridas e coradas e etc etc etc... Isso não muda nada. Não tem a menor efetividade.
O que muda algo é levantar a bunda da cadeira, juntar pelo menos 200 pessoas e destribuir comida às crianças de rua. Se pelo menos 10% dos que aderiram a modinha do Facebook fizesse isso, ou menos se 1% fizesse, eu ficaria muito feliz com isso e tentaria participar.

Não foi somente eu que conseguiu ver esse tipo de idiotice. Muita gente reclamou e reclamou e continua reclamando. Só que não precisava reclamar, as pessoas SABEM que mudar uma foto não muda nada. Desde o início. Mas como voltar atrás é algo muito nobre pra elas, é mais fácil agredir de volta na mesma força ou pior. Como comentários desse tipo:

"Eu acho que quem fica reclamando das fotos de desenho no avatar ou é mal-comido ou não teve infância.
"

Risível. É comentário típico de quem não tem argumentos, atacar a sexualidade alheia como insatisfatória e outras qualquer coisa do genero, ou de ser o a versão de extremo oposto ao ítem do protesto, como aquilo de 'ou você apoia os gays ou é homofóbico', 'ou você é negro ou é racista', 'ou você é feminista ou é um machista misógino espancador e estuprador de mulheres'.

As pessoas sequer entendem o significado de uma crítica e leval tudo pro pessoal.

Pois bem.

Eu já havia reclamadado por demais, em uma postagem que, diferente desta, estava cheia d'os mais vis vitupérios' por conta de um filho de uma p [ok ok, não vou repetir a baixaria da outra vez...] que postou vídeos de pedofilia em um blog, incentivando o ato.
Mas eu ví que pessoas que tem posicionamentos filosóficos, psicológicos e sociais regularmente sensatos aderiram á modinha dos avatares estavam defendendo de forma idiotizada a campanha, mais algumas pessoas que queriam 'fugir o ... o ... anus da fogo' dizendo que só estavam trocando os avatares por ser divertido. E começarem a fazer as coisas que já citei acima, fiquei realmente chateado e postei isso:


Feliz Dia das Crianças

Daí um amigo comentou da seguinte forma:
"É, você tem razão com esta. Melhor argumento não há"

Fiquei sem entender se era sarcasmo ou se ele tava sendo sincero e fui perguntar diretamente a ele que respondeu o seguinte
: "interprete como "a crítica que me fez tirar a foto do He-man" ".
Depois me explicou que realmente, ficou faltando alguém tar um tapa na nuca dele pra ele acordar e ver a realidade, e que tinha caido na modinha por mero entusiasmo. Foi quando, num lampejo, lembrei da frase "Heroes are those who don't just accept the way things are". E derrepente lembrei de uma série de 'Leis da desenvolvimento pessoal'. Dessas as iniciais são o coração da coisa, a base mais baixa, sem ela todo o resto é em vão e fragil. São coisas que até nas suas descrições alertam pra de vez em quando estar sempre revendo, pois tendemos a sabotar nosssa propria evolução, quando resolvemos afrouxar um pouco a disciplina necessária. E é incrível com as 3 primeiras Leis encaixavam como uma luva, tanto aos acontecimentos no mundo virtual que tirou meu sossego quanto questões pessoais que estão evidenciadas no último mês.

Mas vamos ao que interessa:

Número 1. Aceitar tudo da maneira como é.

A razão dessa ser a número um é que eu acredito que a maioria das pessoas não aceita o mundo, não aceita a realidade, não confronta as coisas como elas são. Elas desejam que o mundo seja diferente, desejam que as pessoas sejam diferentes, desejam que as situações sejam diferentes.
E então elas se lamentam, se irritam e reclamam e agem como vítimas e fazem coisas sem efeito
pois vivem em um mundo de faz de conta.
Passo 1: Feche os olhos e aceite tudo da maneira como é. Apenas aceite as coisas.

Uma vez tendo aceitado as coisas como elas são e ter confrontado a realidade, agora você poderá começar a mudar as coisas, agora você terá o poder de redirecionar o caminho que as coisas tomarão durante a sua vida no futuro.

Número 2. Se responsabilize.

Transforme a sua perspectiva de ser alguém que é passivo no mundo, alguém que é uma vítima e trasforme-se em alguém que faz as coisas acontecerem, que é responsável por seus pensamentos, atos, comportamentos e consequências. E toda vez que você se pegar tentando colocar a responsabilidade das coisas que acontecem na sua vida em coisas externas a você, pare e diga: "Eu assumo a responsabilidade".
Especialmente em momentos em que é fácil colocar a culpa nos outros. Esse é o momento mais importante.
Assumindo a responsabilidade sobre a sua vida e tudo nela: seus pensamentos, ações e comportamentos, consequências e relacionamentos. Você irá ser capaz de, de fato, mudar e ter a vida que você deseja.


Número 3. Mude a sí mesmo e não aos outros.

No caminho do desenvolvimento pessoal, em todos os livros, estudos e teorias, um consenso é que você não conseguirá mudar as outras pessoas, apenas você mesmo. Há muita sabedoria nisso. Nada é inteiramente verdade e eu não acho que você consiga mudar as pessoas sempre. Acho que se você passar muito tempo estudando como as pessoas funcionam, você, às vezes, consegue ajudá-las a mudar. Mas também acho que se essa é a sua principal maneira de lidar com o mundo, você está jogando um jogo perdido. Se as coisas não acontecerem como você deseja, seu primeiro pensamento será: "Deixe-me tentar mudar as outras pessoas.".
Você vai bater com a cabeça na parede, várias e várias vezes.

E se você quiser se tornar uma pessoa mais desenvolvida no mundo, pare de tentar fazer com o que o mundo ou as pessoas mudem e comece mudando você mesmo.
Mudando a si mesmo, sua perspectiva muda, e os resultados de tudo na sua vida e no mundo ao seu redor mudarão.



[depois eu posto o nome das pessoas que escreveram essas coisas]

A parte interessante é que esse meu amigo que tirou a foto do He-Man, me agradeceu, perguntei o motivo de sua gratidão ele disse: "por ter me feito acordar" então, sem pensar, eu disse "que nada cara. voce ja estava acordado o tempo todo ^^".

Na verdade quem estava prestes a agradecer por acordar seria eu...

Quando estamos alinhados com o Universo, somos capazes de nos comunicar com ele. Somos parte dele, mas quando voltamos demais pra dentro de nós mesmos paramos de escutá-lo. Mas isso não significa que ele se cala. Alinhados, podemos conversar com ele, e ele vai falar diretamente dentro de nós, assim como nós estamos dentro dele, pois ele falará para o próprio coração, e nós apenas temos a impressão escutar o nosso próprio.

4 comentários:

  1. Concordo com muitas de suas palavras e muitas das que parafraseou. Realmente as correntes de redes sociais não tem impacto. Mas alterar a foto do perfil - ou fazer outras ações - podem ter outros efeitos. Já pensou nisso?

    Não "aderi ao modismo" para diminuir a violência infantil, o que é apenas um argumento retórico sem qualquer base para comover/convencer pessoas. Troquei minha foto pois queria redescobrir um pouco do meu eu e explorar o eu de outrem. Pera lá, que isso?

    Quando você coloca o "avatar" sendo de um "desenho que o marcou" você escolhe alguma imagem. Pense nisso. Você ESCOLHE alguma imagem que o marcou/formou sua forma de pensar/agir. Lembre-se da importância da infância para a formação moral de qualquer indivíduo.

    Pois bem, ao pensar em várias figuras que passaram por nossas mentes/vidas e que nos "formaram", a sua própria escolha e lembrança é um processo de (re)descobrimento. Para além, atentando para as figuras de nossos conhecidos podemos ter acesso a esse conteúdo. Ora, porque fulano de tal escolheu a personagem X, Y ou Z.

    Ou seja...

    A "modinha" pode ser apropriada conforme a sua própria leitura, e isso pode ser uma via - olha que interessante, não? - para o desenvolvimento pessoal. Realmente não há sentido algum para mudar a foto para lutar contra a violência/mazelas infantis, mas expor fotos de crianças mortas/subnutridas também não ajuda nada, haja vista que são apenas expressões do já conhecido pelo senso comum e configuram-se como reforços negativos...

    Pois bem, é possível (também) ter uma agência distinta sobre o que é passado (e repassado) por aí. Basta deixar de bater de frente sempre e usar um pouco da força do inimigo a seu favor, bem no estilo judô mesmo.

    Forte abraço!

    ResponderEliminar
  2. Olá Jorge, agradeço o comentário.

    A questão de redescobrir quem se é realmente não depende de eventos inventados, apenas de vontade interna de realizar isso. Assim como não é necessário dias expecíficos para dar presentes, para dizer que ama sua mãe ou orgulha-se do pai que tem. Isso pode ser feito a qualquer dia, sem motivos externos.
    Esperar um dia expecífico, inventado e perpetuado por uma convenção social é como uma obrigação, não há alma alí.
    Muito diferente de você chegar aleatóriamente, dar um beijo na sua mãe e dar um presente e dizer que sem ela você não existiria. Aposto que ela vai se lembrar disso pelo resto do ano...

    Auto-conhecimento e consequentemente desenvolvimento pessoal, não é necessário que existam modinhas pra disparar isso dentro de ninguém.

    Quanto ao paralelo mudar fotos x mostrar mazelas infantis, sim, é exatamente isso que percebei ao conversar com o cara que tirou a foto do He-Man. Não só um reforço negativo mas uma inutilidade, tão grande quanto aquelas que eu estava criticando. No momento que lembrei do refrão da música, as lembranças vieram em cascata, e ví que eu estava errando e feio. Parei, refleti, percebi meu erro, e escrevi o post como um brainstorm de redenção interna. Uma crítica a mim mesmo e a minha atitude.

    Não havia necessidade de crítica, o correto era apenas deixar as pessoas desfrutarem de suas mediocridades. Mas não fiz isso por que me importei com elas, gosto das pessoas que estão lá. Não sou desses que tem 500 'amigos' de Facebook. Tenho 52 adicionados lá, misturados entre contatos profissionais, pessoas que gosto, amigos e o pessoal da faculdade. Ver mais da metade deles aderindo, defendendo a brincadeira, mas também sendo agressivos aos que eram contra me atingiu. Com meu ato, duas pessoas cairam na real, outras duas fizeram o protesto mais maneiro relacionado a essa coisa toda [colocaram a imagem do Pedobear].
    Nesse meio tempo percebi meu erro, sendo que também percebi que o tempo todo eu recebia sinais de "Para, presta atenção ao seu redor".

    No fim das contas, como disse no post, a lição quem [re]aprendeu, fui eu. Aceitar as coisas como elas são, se responsabilizar, e mudar a si mesmo, não aos outros. A disciplina tem que ser de ferro, ou não funciona.
    E como eu disse no chat, "eu já estava acordado o tempo todo", sem perceber os sinais que eu mesmo mandava a mim mesmo. Espero que tenha percebido que o post é uma crítica a mim mesmo e a minha atitude de ontem [5/10].

    Abraços.

    ResponderEliminar
  3. Bom que sempre possamos desenvolver debates e comentários interessantes por aqui, por ali, por lá. Gosto de comentários e de reflexões a todo momento. Acredito que poucos realmente debatem em redes sociais. A auto-crítica - sua postura - é algo muito incomum nos dias de hoje.

    Apreciei suas primeiras linhas. Realmente é necessário que posturas de autoconhecimento/autocrítica sejam feitas sem qualquer necessidade de "modinhas". Mas já que elas existem, porque não tomá-las positivamente?

    Digo isso porque, como professor do Estado vejo meus colegas apenas denegrindo a rede/alunos/sistema, etc. Atenção, disse denegrindo e não criticando, pois crítica em meu ponto de vista é algo positivo. Ok, sei das inúmeras dificuldades, mas acredito que seja possível fazer algo justamente através da análise dos problemas que se convertem em desafios.

    Utopia? Bem, pode até ser... mas porque não tê-la?

    ResponderEliminar
  4. Parabéns pelo excelente texto. Concordo em gênero, número e grau!
    Abraços!

    ResponderEliminar